Não, não é algo fácil, mas as vezes o nosso próprio cotidiano nos ajuda nisso.
Em Portugal há muitas pessoas idosas, que por conta da idade, possuem o seu jeito de andar mais lento. Quando eu morei lá, muitas vezes, mesmo sem eles saberem, me ensinaram muito.
Ao sair de casa pra trabalhar ou até mesmo para passear, ia andando sempre com pressa, até que me deparava com um idoso na minha frente e não tinha como contornar.
Nesse momento eu tinha que me desacelerar, e aí os pensamentos vinham “por que eu tô correndo?” “Que pressa é essa de chegar?”. Quando eu estava só passeando era pior a sensação “como não consigo apreciar esses lugares onde estou passando?” E aí eu agradecia mentalmente ao/a idoso/a por ter me ajudado a ter a oportunidade de desacelerar.
Um dia voltando andando do trabalho, um dia bonito, período de confinamento. Enquanto andava tirei uma foto do céu para mostrar ao meu namorado e familiares o quanto o dia estava bonito. Tirei, enviei-lhes e ao andar, enquanto escutava uma música no fone, comecei a observar o céu, os prédios, as árvores, as pessoas, quanto tempo eu não fazia isso.
Me perguntava “quando deixei de observar as coisas enquanto ando?”. Minha vida estava tão corrida que me esqueci de olhar, ou melhor, contemplar o que me rodeava. No percurso me senti tão bem, as vezes me sentia como uma criança observando o mundo, admirando, tentando compreendê-lo.
Sabe, as vezes a vida nos pede pra parar um pouco e ela mesmo nos ajuda a parar, aproveitar e viver o agora. Nem sempre na vida vamos ter alguém que nos impulsionam a desacelerar um pouco, as vezes a gente mesmo precisa ser esse alguém pra gente.
Até o próximo 🙂